Um "mar" de orquídeas...

Numa recente visita ocasional a um cultivador de orquídeas tropicais, em Carreço - Viana do Castelo, deparei-me com uma imensidão de orquídeas silvestres que "inundavam" e coloriam os campos em redor. Para quem aprecia as nossas orquídeas silvestres, como eu, é um espectáculo que enche os  sentidos e motivo para mais uma sessão fotográfica.

Foi uma das maiores populações de Serapias lingua e Dactyrhiza elata que tive o prazer de apreciar e ainda uma rara forma albina da Dactylorhiza elata.

Bifrenaria xantina

Comprei esta Bifrenaria a um produtor europeu como sendo uma espécie. Contudo não encontro referências de qualquer espécie com este nome, podendo, provavelmente, tratar-se de um híbrido. Mesmo assim, não deixa de ser um belo exemplar deste género, apesar de eu dar sempre preferência às espécies.

Pleurothallis grobyi

Esta é uma das espécies miniatura do género Pleurothallis, cujas flores (2 mm), de tão pequenas, são muito difíceis de fotografar. É, contudo, uma planta de belo efeito e que todos os anos apresenta abundantes florações.

Família: Orchidaceae

Género: Pleurothallis

Espécie: grobyi

Habitat natural: Espécie epífita, desenvolvendo-se nas florestas até aos 3200 metros de altitude, na grande maioria dos países da América Central e da América do Sul.

Cultivo: Está montada numa placa de cortiça, na parte mais sombria da estufa. Necessita de regas e fertilizações constantes, durante quase todo o ano. Adapta-se bem a ambientes temperados.

Dendrobium densiflorum

Esta é uma das mais bonitas e exuberantes espécies do género Dendrobium. É também uma espécie de fácil cultivo e com florações constantes, adaptando-se bem a diferentes ambientes e suportando mesmo algum frio no Inverno.

Maxillaria variabilis var. 'red'

Esta é uma variedade de cor vermelha da Maxillaria variabilis. É uma planta com características iguais, quer quanto à sua estrutura, quer quanto às suas exigências culturais. Tem, contudo, uma particularidade que a distingue; apresenta mais do que uma floração ao longo do ano.

É de muito fácil cultivo (consultar ficha de cultivo da Maxillaria variabilis no arquivo).

Epidendrum fimbriatum 'pink'

Esta é uma das espécies mais pequenas deste género, cujas belíssimas e delicadas flores não atingem mais do que 1 cm de dimensão e  que vão surgindo sucessivamente ao longo da haste floral, durante vários meses consecutivos.

Família: Orchidaceae

Género: Epidendrum

Espécie: fimbriatum

Variedade: 'pink'

Habitat natural: Planta terrestre ou epífita, desenvolvendo-se em florestas de elevadas altitudes, entre os 1000 e os 3500 metros, no Peru, Bolívia, Venezuela, Equador e Colômbia.

Cultivo: Está cultivada em esfagno, num ambiente de média luz, suportando temperaturas baixas durante o Inverno. Deve manter-se com um bom nível de humidade, sem encharcamentos, aplicando fertilizações constantes mas com baixo teor de concentração.

Zygopetalum crinitum

Uma das minhas espécies preferidas, no género Zygopetalum, pelo seu aspecto exótico, pelas suas cores e pelo seu aroma. É uma espécie terrestre, por vezes epífita,  de médio porte, fácil de se adaptar a muitos ambientes.

Família: Orchidaceae

Género: Zygopetalum

Espécie: crinitum

Habitat natural: Espécie que se desenvolve nas florestas de alguns estados do Brasil, em altitudes entre os 600 e os 1200 metros.

Cultivo: Está cultivada em vaso médio, com substrato para orquídeas terrestres, em ambiente temperado. Regas e fertilizações regulares, necessitando de um período de repouso, com suspensão total de regas, após a maturação dos pseudobolbos.

Dendrobium trigonopus

Esta é uma aquisição de 2011 e que está agora com a primeira floração. É uma espécie de pequeno porte, com flores grandes, com amarelo intenso, cerosas e levemente perfumadas. 

Família: Orchidaceae

Género: Dendrobium

Espécie: trigonopus

Habitat natural: Planta epífita que se desenvolve no tronco das árvores das florestas da Tailândia, Sudoeste da China, Laos, Vietname e Birmânia.

Cultivo: Está cultivada numa placa de madeira, sem qualquer substrato. Por este motivo, exige regas e fertilizações constantes, necessitando apenas de um período de repouso no início do inverno. Adapta-se bem a ambientes temperados, suportando mesmo algum frio no Inverno.

Novamente, por Terras do Sicó

As Terras do Sicó é uma região predominantemente calcária, sendo uma das mais ricas do país, senão a mais rica, em quantidade e variedade de espécies de orquídeas silvestres, situada na região centro de Portugal, logo a sul de Coimbra. É composta pelo maciço da Serra do Sicó e algumas áreas abrangentes, englobando os concelhos do Pombal, Ansião, Penela, Soure, Condeixa-a-Nova e Alvaiázere. 

Ao longo de vários meses do ano podemos admirar as diferentes espécies de orquidáceas, entre elas algumas muito raras e em perigo de extinção. Neste início de Maio estas são algumas, entre outras, das que podemos observar e que são um deleite para os apreciadores.

Híbridos

A hibridação é um fenómeno natural que também acontece com as nossas orquídeas silvestres, embora muito raramente. Este processo tanto pode acontecer entre duas espécies do mesmo género, como entre duas espécies de géneros diferentes.

Nas fotos abaixo estão alguns dos híbridos encontrados nesta região, nesta altura do ano.

Orchis x gennarii é um híbrido natural, resultante do cruzamento de duas espécies do mesmo género: Orchis champagneuxii x Orchis papilionacea.

Orchis x penzigiana é também um híbrido natural, resultante do cruzamento entre duas espécies do mesmo género: Orchis provincialis x Orchis mascula.

Orchiaceras bivonae é um híbrido natural, resultante do cruzamento de duas espécies de géneros diferentes: Orchis italica x Aceras anthropophorum.

 

Híbrido natural, resultante do cruzamento entre duas espécies do mesmo género: Ophrys vernixia x Ophrys speculum. 

Ophrys vasconica

No dia seguinte à Saída de Campo da AOSP, em Macedo de Cavaleiros, um pequeno grupo deslocou-se ao Concelho de Vimioso, com o objectivo de identificar, localizar e fotografar a Ophrys vasconica que, segundo alguns relatos, existiria nesta região mais a norte de Portugal. Depois de chegados ao local, após mais de duas horas a calcorrear alguns prados, lá encontrámos alguns exemplares desta belíssima e raríssima orquídea.

A confirmação da existência desta Ophrys, neste local, mais ou menos 300 km a norte dos outros exemplares encontrados na região centro do país, vem corroborar a tese de quem defende tratar-se de uma espécie e não de um híbrido entre a Ophrys dyris e a Ophrys fusca, pois nesta região não existe nem uma nem outra.

Saída de Campo da AOSP

A AOSP,  Associação de Orquídeas Silvestres - Portugal, promoveu, no passado dia 28 de Abril, em Macedo de Cavaleiros, mais uma Saída de Campo, com o objectivo de observação da raríssima orquídea Dactylorhiza insularis. Para além desta raridade, tivemos ainda a oportunidade de observar mais algumas orquídeas interessantes. Apesar de não ter sido um ano favorável, para a generalidade das espécies, não deixámos de encontrar algumas populações consideráveis e com belíssimos exemplares.